“Olá Olga,
Desde o início do seu blog, que sou sua fã e visita diária. Os meus parabéns por este seu trabalho fantástico, que me tem ajudado tantas vezes e a conhecer-me melhor!
Após estes anos, penso que 4, só hoje tenho coragem para lhe colocar a minha questão, fruto de uma infeliz constatação. Como tenho confiança nos seus critérios e acho que é uma excelente profissional, tenho expectativa que possa ajudar-me.
Sou engenheira e ando sempre de um lado para o outro, dentro e fora da empresa. Costumo vestir com sobriedade (fatos: blazer e calça, conjuntos, etc, nada de saias, embora goste de me ver), opto quase sempre por cores escuras e conjuntos que à partida já estão feitos, e que não preciso de pensar em conjugar sempre que escolho esta ou aquela peça de roupa. O calçado é sempre para o baixo, devido ao conforto e mobilidade, quanto ao cabelo sempre que posso vou uma vez por mês à cabeleireira acertar, pois tenho o cabelo pelos ombros. Não uso maquilhagem, somente o creme e batom hidratante.
Há um ano fiquei viúva, e desde aí tenho vivido um dia de cada vez, sem grandes projectos e fico mais por casa aos fins-de-semana e feriados. Vou trabalhar por obrigação e não me preocupo em arranjar-me, evito até olhar-me ao espelho. Os meus filhos e familiares, reparam que não tenho gosto em vestir-me, arranjar o cabelo e cuidar de mim, devido a estes reparos é que dei conta que deixei de ser a mulher que era, vivo com esta dor da perda do meu marido.
(...)
Olga, desculpe esta abertura, mas penso que só assim poderei obter a sua ajuda, vivo longe do seu atelier e mesmo que queira visitá-la, pelo menos nesta altura, não o posso fazer.
O que acha que poderei fazer para melhorar a minha auto-estima e disposição?
Tenho 37 anos, sou baixa, meço 1,57m, peso 58kg, sou morena, a minha silhueta é ampulheta (aprendi consigo como avaliá-la) e gosto de ser discreta, mas com um estilo muito pessoal e diferente.
Obrigada pela sua paciência, conto com a sua querida ajuda.
Um grande beijinho,
Ilda”
Olá Ilda,
Agradeço a sua simpatia e fidelidade ao blog.
Admiro-a por ter essa força de procurar apoio, mesmo ainda vivendo a recente perda do seu marido.
A Ilda está ainda na fase do luto, uma dor muito recente que levará o seu tempo a atenuar. Se ainda não leu, aconselho-a a ler o livro de José Eduardo Rebelo “ Desatar o Nó do Luto”, irá ajudá-la neste caminho tão difícil e solitário, mas como tem filhos e uma família que a ama e está atenta ao seu bem estar, certamente este caminho será um pouco mais leve de fazer, coragem!
Faz bem pensar em si, cuidar-se e tentar valorizar-se, não só por si, mas também pelos filhos seja a âncora deles e eles a sua.
A moda é uma forma de conseguir essa harmonia interior,a voltar a pensar em si, a voltar a ter vaidade, que tanto necessita.
Ter objetivos é um passo para se sentir mais ativa e consequente felicidade, faça pequenos planos, por exemplo algo simples como ir às compras. No início poderá ser um pouco superfluo, mas só o facto de estar a experimentar roupa e ouvir a opinião das amigas ou familiares, irá distraí-la e ao mesmo tempo valorizar-se.
Comece por observar o seu guarda roupa, substitua as roupas muito usadas e que já está cansada de as vestir. Mantenha os fatos, combine-os com blusas, tops e singlets com cores diversas e padrões.
Invista nalguns vestidos e saias, de corte clássico, não terá dificuldade em selecionar modelos que lhe fiquem bem devido à sua silhueta.
Os estampados, com padrões florais discretos, os étnicos e exóticos serão uma ótima solução para um guarda roupa insípido e pouco requintado.
Escolha roupas confecionadas em tecidos como algodão, linho, crepe, cetim, voile, organza, seda, tafetá, etc. Eleja alguns pormenores como brilhos, bordados e valorização de certas peças.
Aposte na conjugação de cores, embora possa manter uma peça em preto, convém usar uma cor com a qual se sinta bem e se indentifique.
Poderá ainda estar apegada ao preto, sinal de luto, mas comece por substitui-lo aos poucos. A cor influencia o nosso bem estar, pois o nosso cérebro é muito influenciado pelas sensações transmitidas pelas cores.
Note que ao vestir de preto integral, sentir-se-á mais deprimida, preferindo estar isolada, afastada dos outros, quase invisível. Lembro que em alguns paíse africanos, a cor branca é sinal de luto, mas também sinónimo de renovação, de pureza. Combine com peças pretas, roupas em tom branco.
Outras cores que a poderão ajudar, são o azul turqueza – sinónimo de espiritualidade e profundidade, o lápis lazuli – o azul conotado com o exótico e desconhecido, símbolo de realeza e elegância, os tons terra, de origem natural, conotados com a origem da vida e da natureza, como os verdes – azeitona, seco e pinheiro, os castanhos – sépia, madeira e barro, os laranjas – tijolo, ocre e tangerina, o rosa simbolo da feminilidade, vermelho, consoante a sua gradação é o símbolo da vida, da divindade e poder.
Ilda, gostaria de conhecê-la pessoalmente, assim que puder venha ao atelier, será certamente uma experiência que ambas gostariamos de partilhar.
Faça a sua viagem, verá que será retemperadora e quem sabe, descubra algo por aí esquecido...
Um grande abraço, e tenho a certeza que a sua vida ainda lhe reserva momentos de grande alegria e felicidade!
Exemplos de coordenados, que poderá concretizar, para voltar a ficar bonita:
Conjunto preto/branco, estilo parisiense
Blazer riscado, em azul claro
Top em 2 tecidos e calça clássica, ambos em azul petróleo
Vestuário Cortefiel
Conjunto Pedro del Hierro, em tons de branco e areia, calça slim PdH, top e conjunto étnico Cortefiel